A volta do futebol carioca: porquê a pressa?
Por Marcos Felipe Coelho
Com as competições suspensas desde março, devido à
pandemia do novo Corona Vírus, alguns clubes viviam a expectativa de voltar às
atividades independente da situação caótica vivida no país.
O movimento foi
iniciado e fortalecido por Flamengo, seguido do Vasco e com um forte aliado: o
Governo Federal. Os clubes, também apoiados pela Federação de Futebol do Estado
do Rio de Janeiro (FFERJ), entendiam que precisavam disso para sobreviver
economicamente.
Para acelerar a retomada dos treinos e jogos, os
presidentes dos dois clubes foram até o Palácio do Planalto buscar uma
aproximação. O alinhamento entre as partes foi fácil, já que o presidente Jair
Bolsonaro, entusiasta da ideia que a população como um todo volte à normalidade
o quanto antes, enxergou o futebol como um forte instrumento para mostrar à
sociedade que já poderíamos abandonar o isolamento e, consequentemente, voltar
ao normal.
Rodolfo Landim e Alexandre Campello enxergaram o presidente da
República como um importante aliado nos bastidores para respaldar o retorno do
futebol, já que esse tem o poder da caneta.
Sobre o mandatário rubro-negro, não acho que,
necessariamente, ele esteja alinhado politicamente com Bolsonaro e a extrema
direita. Creio que essa aproximação aconteceria de qualquer forma, com o
presidente do Brasil sendo de esquerda, centro ou direita.
Em nota oficial, Rodolfo Landim explicou que o objetivo é
colocar o Clube de Regatas do Flamengo como prioridade e descartou que haja uma
movimentação de cunho político nos bastidores da Gávea.
E se enganou quem pensou que a ambição do presidente
rubro-negro se resumia na pauta da volta do futebol. Da noite para o dia, o
governante assinou uma Medida Provisória que transfere os direitos de
transmissão para o clube mandante da partida.
Em uma só tacada, Jair Bolsonaro
atinge a Globo e ao mesmo tempo entrega um enorme benefício ao Flamengo. E
convenhamos que, neste quesito, foi um golaço de Landim e sua equipe. Bolsonaro, já há algum tempo, vive em pé de guerra com a
Rede Globo.
Por coincidência e capricho do destino, o Flamengo também estava em
discordâncias com o canal de televisão, que detém os direitos de transmissão
dos eventos esportivos. Com a nova lei, os clubes teriam total de liberdade de
comercializar as transmissões como bem entenderem.
O Saldo disso tudo, além do ‘toma lá, da cá’ promovido
pelos presidentes, foi uma volta de futebol melancólica. O Flamengo venceu o
Bangu por 3 a 0 em um jogo sem público, sem transmissão e ao lado de um
hospital de campanha, para ninguém ver, ou seja, essa pressa toda para absolutamente nada.